Passara-se muito tempo desde que o sol tinha se escondido por detrás das nuvens. Talvez, aquelas terras em que o lobo vagava não tivesse o sol algum, talvez fosse um lugar esquecido por ele. As noites duravam muito mais do que o usual e o frio que a lua trazia com suas nuvens densas era intenso e tenebroso, como de costume. Os ventos pareciam finos fios de navalha que passavam pelos pelos do lupino solitário. Ouriçava-se a cada sopro, a cada piscada de olhos cansados.
Talvez eles não estivessem tão errados, pensava consigo mesmo. Remetia-se as criaturas anteriores de sua jornada, que uivavam a lua. Seriam estes uivos alegres? Quer dizer, gostavam daquele frio? Talvez sim, pois quando em matilha, sabia que se juntavam ainda mais para se aquecer. Talvez, pensou, talvez fossem uivos de pedidos, afim de querem que aquele frio cessasse e assim pudessem desfrutar de algo um pouco menos rigoroso do que aquela neve que encobria todo o solo e árvores desta terra imaculada.
Sentou-se, mais uma vez. Estava cansado, estava sem vontade, sem ânimo. Os dias eram monótonos, eram cansados, repetitivos. Sentia-se como se fosse feito para isso; andar, observar, retrair-se, se retirar, ir embora. Talvez um dia fosse reencontrá-los. Se esperava por isso? Não exatamente. Esperava por algo mais importante para ele: seu sol. Sua estrela que escondia-se em algum lugar nos céus inalcançáveis do lobo. Estava escuro, gélido e somente um leve resquício do brilho da lua pairava por cima das nuvens densas.
E um uivo retraído se fez. Nunca uivara e aquela fora a primeira vez.
Mas uma presença se fez do lado do lobo. Retraiu-se mais uma vez; medo. Quieto, a forma parecida consigo, se pôs a escutá-lo. E então, uivou mais uma vez, ainda com o mesmo receio. Outro uivo se fez presente, daquela sombra no breu, unindo os sons. Ele gostou.
Talvez, não fosse um único solitário no mundo tão gélido e distorcido.
Post em homenagem à Vick.
Obrigado, pequena.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
domingo, 12 de agosto de 2012
O melhor ainda está por vir
Senti que estava com saudades de postar em você, querido blog. Eu não sei exatamente do que venho falar aqui hoje para você, talvez até mesmo esses bits já estejam cansados de escutar a mesma ladainha de sempre que venho dizer aqui. O mesmo papo de sempre: solidão. Andar por entre tanta gente e sentir-se sozinho. Acho que faço isso mais pelo fato de tentar colocar algumas coisas na minha cabeça em ordem. Talvez se eu escrever aqui, eu leia e lembre-me dos "deveres" que eu tenho de fazer, já que na maior parte das vezes, comento algo do passado e uma atitude a qual estou prestes a tomar com você.
Acho que esse é o primeiro texto no qual eu falo com você, ser invisível aos olhos comuns. Nos outros textos eu tentava demonstrar algo para um pequeno público no qual lê (ou lia meu blog). Não que eu queira tornar isto aqui famoso, realmente não quero, afinal, acho que seria me expôr demais. Mas parabéns pra essa pessoa que está lendo os posts até aqui.
E de novo, não sei exatamente do que vai ser de mim daqui pra frente. É como se eu vivesse dentro de uma roda gigante; eu sei que ela só gira. Parece que minhas semanas estão começando a entrar de novo em um tipo de rotina, a qual me sinto um pouco inconformado por participar de uma mas ao mesmo tempo estou me sentindo... bem com ela. Tenho meus amigos próximos todos os finais de semana e são eles que me fazem esquecer temporariamente destes meus obstáculos da vida.
Estes dias me dei conta do que talvez me mova para fazer minhas coisas, sabe. Meus objetivos de vida, meus sonhos; enfim, minhas coisas. Acho que uma delas, além da solidão, o orgulho de querer fazer as coisas sozinho, é a vingança. Não sei ao certo se posso taxá-la desta maneira, mas... é algo que eu talvez "vá para o inferno" por guardar depois de tanto tempo. Família realmente é algo complicado, principalmente quando é sangue do seu sangue que lhe fez passar por poucas e boas. Sim, eu os culpo mas gostaria que não fosse desta maneira. Entretanto, não posso deixar passar o fato de querer me reerguer, lutar e conseguir meus sonhos sozinho e quando estes vierem me parabenizar, eu os expulsar apenas com o olhar; não há uma coisa que eu queira mais do que o meu bem estar para poder esfregar na cara daqueles que duvidaram de mim, que se colocaram no meu caminho, que dificultaram minha passagem e meu crescimento de que eu consegui e que nunca precisei, nem irei precisar de nenhum nem ninguém.
Eu sei que isso faz mal para mim. Eu sei que isso não é saudável pra ninguém mas infelizmente é o que me move. Talvez você aí, leitor, que esteja correndo os olhos por este texto, talvez pense "Nossa, o cara tem tudo na vida e ainda reclama"... Não é tão simples assim. A dor é igual para todos e todos somos iguais quando a sentimos. Sofremos, choramos e não é pelo número de lágrimas que escorreram pelo rosto que devemos definir quem sofreu mais. Dor não se conta, não se numera e se você tem, talvez tenhamos algo em comum.
Então me deixa acompanhado da minha solidão e da MINHA dor. Talvez assim eu não me sinta mais tão sozinho.
Ainda está por vir... E eu sou o que espera.
O lobo sentou-se na neve. Esperava uma brecha dos céus, apenas um relance, para poder olhar as estrelas e poder achar seu norte. Mas ainda era inverno.
Acho que esse é o primeiro texto no qual eu falo com você, ser invisível aos olhos comuns. Nos outros textos eu tentava demonstrar algo para um pequeno público no qual lê (ou lia meu blog). Não que eu queira tornar isto aqui famoso, realmente não quero, afinal, acho que seria me expôr demais. Mas parabéns pra essa pessoa que está lendo os posts até aqui.
E de novo, não sei exatamente do que vai ser de mim daqui pra frente. É como se eu vivesse dentro de uma roda gigante; eu sei que ela só gira. Parece que minhas semanas estão começando a entrar de novo em um tipo de rotina, a qual me sinto um pouco inconformado por participar de uma mas ao mesmo tempo estou me sentindo... bem com ela. Tenho meus amigos próximos todos os finais de semana e são eles que me fazem esquecer temporariamente destes meus obstáculos da vida.
Estes dias me dei conta do que talvez me mova para fazer minhas coisas, sabe. Meus objetivos de vida, meus sonhos; enfim, minhas coisas. Acho que uma delas, além da solidão, o orgulho de querer fazer as coisas sozinho, é a vingança. Não sei ao certo se posso taxá-la desta maneira, mas... é algo que eu talvez "vá para o inferno" por guardar depois de tanto tempo. Família realmente é algo complicado, principalmente quando é sangue do seu sangue que lhe fez passar por poucas e boas. Sim, eu os culpo mas gostaria que não fosse desta maneira. Entretanto, não posso deixar passar o fato de querer me reerguer, lutar e conseguir meus sonhos sozinho e quando estes vierem me parabenizar, eu os expulsar apenas com o olhar; não há uma coisa que eu queira mais do que o meu bem estar para poder esfregar na cara daqueles que duvidaram de mim, que se colocaram no meu caminho, que dificultaram minha passagem e meu crescimento de que eu consegui e que nunca precisei, nem irei precisar de nenhum nem ninguém.
Eu sei que isso faz mal para mim. Eu sei que isso não é saudável pra ninguém mas infelizmente é o que me move. Talvez você aí, leitor, que esteja correndo os olhos por este texto, talvez pense "Nossa, o cara tem tudo na vida e ainda reclama"... Não é tão simples assim. A dor é igual para todos e todos somos iguais quando a sentimos. Sofremos, choramos e não é pelo número de lágrimas que escorreram pelo rosto que devemos definir quem sofreu mais. Dor não se conta, não se numera e se você tem, talvez tenhamos algo em comum.
Então me deixa acompanhado da minha solidão e da MINHA dor. Talvez assim eu não me sinta mais tão sozinho.
Ainda está por vir... E eu sou o que espera.
O lobo sentou-se na neve. Esperava uma brecha dos céus, apenas um relance, para poder olhar as estrelas e poder achar seu norte. Mas ainda era inverno.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Walk away
E cá estamos nós novamente. E quando digo "nós", me refiro a não concordância de estar aqui novamente com minha solidão. Afinal, o que é se sentir assim, sozinho? Eu me vejo rodeado de expectativas falsas, que talvez meu subconsciente me iluda com essas brincadeiras, com essas fantasias esperando que um dia sejam reais. Está certo, um homem, um humano tem todo o direito de sonhar mas como dizem, não é só de sonho que vivemos. É você se ver rodeado de pessoas, mais uma vez, mais outra vez, e ainda assim se sentir sozinho. Olhar para si mesmo e perceber que, finalmente, como Lispector dizia: "Eu sou eu. Você é você. Isso é solidão."
Perceber que tudo isso agora é um vazio constante que jamais será preenchido. Essa angustia que a cada minuto, a cada hora, a cada memória alimenta-se mais e mais dessa agonia que a gente vive. Eu não tenho muito o que fazer se não reclamar contigo, ó blog consciente e solitário assim como eu. Heh, até parece um confessionário aqui... "Blog, perdoe-me pois eu pequei. Vim aqui de novo desabafar contigo."
Mas não seria tão errado se eu repetisse isso todos os dias da minha semana, do meu mês. Sou separado em ciclos; salários, domingos, prazos, horas... Está repetitivo... Mas se bem que anda passando rápido assim. Minha voz não anda sendo suficiente, eu não aprendi a gritar, a me expressar. Como sempre, o cara retraído de blusa roxa. ( Sim, eu tenho uma. )
Sabe, eu sinceramente tenho vontade de me concentrar em algo que não seja essa solidão. Sei que não é possível, a gente pode até tentar não pensar nisso mas acaba pensando automaticamente e fazendo isso nós ficamos um tanto quanto agoniados por não ter sucesso. Sei que é burrice fazer isso, mas se for lidar com minha solidão de tal maneira, prefiro que seja a completa. Claro, sei que sempre estarei com a companhia de alguém, conversando com um outro mas não iria querer um contato mais próximo. Covardia, eu sei.
Bom, acho que é isso por hoje. Me desconcentrei um pouco, sei lá, espaireci. Mas a ideia continua. Pretendo dar um fim em MSN, Facebook, etc. E não chorem, eu ainda estarei vivo. Quer dizer, "sobrevivo".
Cya.
Perceber que tudo isso agora é um vazio constante que jamais será preenchido. Essa angustia que a cada minuto, a cada hora, a cada memória alimenta-se mais e mais dessa agonia que a gente vive. Eu não tenho muito o que fazer se não reclamar contigo, ó blog consciente e solitário assim como eu. Heh, até parece um confessionário aqui... "Blog, perdoe-me pois eu pequei. Vim aqui de novo desabafar contigo."
Mas não seria tão errado se eu repetisse isso todos os dias da minha semana, do meu mês. Sou separado em ciclos; salários, domingos, prazos, horas... Está repetitivo... Mas se bem que anda passando rápido assim. Minha voz não anda sendo suficiente, eu não aprendi a gritar, a me expressar. Como sempre, o cara retraído de blusa roxa. ( Sim, eu tenho uma. )
Sabe, eu sinceramente tenho vontade de me concentrar em algo que não seja essa solidão. Sei que não é possível, a gente pode até tentar não pensar nisso mas acaba pensando automaticamente e fazendo isso nós ficamos um tanto quanto agoniados por não ter sucesso. Sei que é burrice fazer isso, mas se for lidar com minha solidão de tal maneira, prefiro que seja a completa. Claro, sei que sempre estarei com a companhia de alguém, conversando com um outro mas não iria querer um contato mais próximo. Covardia, eu sei.
Bom, acho que é isso por hoje. Me desconcentrei um pouco, sei lá, espaireci. Mas a ideia continua. Pretendo dar um fim em MSN, Facebook, etc. E não chorem, eu ainda estarei vivo. Quer dizer, "sobrevivo".
Cya.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Canto
Aquele inverno durara mais que o comum. Ele não sabia que uma friagem poderia demorar tanto a passar. O lobo começava a pensar que talvez aquela neve fosse para sempre, que aquela nuvem que cobria o seu antigo sol ficasse ali por um bom tempo. Talvez para sempre.
Já faz tempo desde que aquele tempo se foi. Não sei, parece que partes de mim contam de maneira diferente. Coração e cérebro talvez. Razão e emoção. Hoje me dei conta de que precisava escrever aqui novamente... Não que isso ajude em alguma coisa mas pode me ajudar no futuro e faço isso por puro respeito a mim mesmo. Andei ultimamente revendo antigas postagens daqui, esperando que algum avanço fosse feito mas fiz menos do que esperava. Talvez estou me pegando em um momento de fraqueza. Tinha esquecido o quão era difícil sobreviver e não conviver.
Ele tinha esquecido de como era ser um lobo solitário. "Uma vez lobo solitário, sempre solitário". Talvez aquele tempo em que o sol o iluminava fosse uma fração de segundo. Sentia-se como se fosse uma fração de segundo. Olhando para trás, ele viu que não durou muito tempo, mas que fora intenso. Em uma longa caminhada ele se encontrava. Em uma longa jornada que parecia nunca ter fim. O objetivo agora não era mais andar e andar; era esperar enquanto andava, atingir algum ponto importante, nem que desse a volta...
É como se fosse um loop. Uma hora bem, outra hora mal. Não sei quando isso acaba, se é que acaba. Até lá, sobrevivo. Diversas horas eu me sinto como se fosse invisível para os outros. A gente tenta chegar perto, tenta se interessar mas porque nada parece ter um retorno? Seria impaciência depois desse tempo todo? Depois de esperar tanto a paciência da esperança se esgota?
Ele caiu. Uma vala do tamanho de um lago. Algo que não parecia ter fundo. Era escuro, um toque de ocre nas paredes refletia seu focinho torto. Era tóxico, era mal. O lobo não deveria estar ali mas agora não tinha volta. Uma hora ia atingir o chão. E quando atingiu o chão, acordava. Sonolento, caminhou.
É quando a gente percebe que cresce. Quando você começa a fumar, quando começa a beber, quando contas de água e de luz são seus presentes no dia do seu aniversário. Não, não estou reclamando disso. É bom ter responsabilidade. Mas quando a gente é acostumado a viver em um mundo aonde somos lembrados e aonde temos gente que queira passar o resto da vida conosco. As vezes me sinto invisível, de verdade. Não é brincadeira; eu não sei explicar direito. Parece que por mais que a gente tente fazer nossa voz ser audível, ninguém parece perceber. Ninguém parece se importar com o que a gente pensa, com que a gente sente, com o que a gente ama. E esse "ninguém" é "aquela" pessoa. Porque quando a gente se importa com ela, ela se transforma em todos. tudo se remete, tudo lembra, tudo se admira e tudo se torna melancólico quando a realidade vem a tona.
O lobo caminhou e caminhou. Uma hora, acabou por encontrar uma matilha. Ele sorriu, sabia que talvez ali se entrosava com alguém. Mas caminhou por entre eles como um qualquer. Eles andavam ocupados demais uivando para a lua, comemorando o sol que tinha se apagado e que a lua era sua diva, a musa delas e deles. O que havia de errado com o sol? Porque não uivavam para ele? Ele sentiu-se diferente, invisível, pouco importante. Não havia nada para fazer ali... Além de caminhar, continuar.
É como se eu estivesse sendo diferente deles. De todo mundo. Parece que nada que eu goste ninguém parece gostar também. Sentir-se sozinho é assim? Sentir-se solitário no meio de tanta gente? Enquanto andam preocupados com a promoção, com a hora, com o ônibus, porque eu me preocupo com a lua, com a chuva esperando que ela não esteja tão gelada, com um sorriso? Eu deveria me preocupar com essas coisas também... Com conta, com pagamento, com horário. Não quero ser assim.
E assim continuou, até um dia talvez não aguentar. Ele já estava perdendo as esperanças. Sentia-se traído pelo antigo sol. Aquele que o aquecia naquele inverno; a pelagem do lobo, sua proteção, não era feita para o frio, para a solidão. Mas também, sentia-se um lobo diferente, não como aqueles. A neve que afundava por entre os dedos já era comum... O frio já era concebível... E a nuvem acima de sua cabeça tampando seu sol era sua mais nova paisagem.
Era caminhar e esperar. Queria aquele sonho... Aquele quente e confortável.
Já faz tempo desde que aquele tempo se foi. Não sei, parece que partes de mim contam de maneira diferente. Coração e cérebro talvez. Razão e emoção. Hoje me dei conta de que precisava escrever aqui novamente... Não que isso ajude em alguma coisa mas pode me ajudar no futuro e faço isso por puro respeito a mim mesmo. Andei ultimamente revendo antigas postagens daqui, esperando que algum avanço fosse feito mas fiz menos do que esperava. Talvez estou me pegando em um momento de fraqueza. Tinha esquecido o quão era difícil sobreviver e não conviver.
Ele tinha esquecido de como era ser um lobo solitário. "Uma vez lobo solitário, sempre solitário". Talvez aquele tempo em que o sol o iluminava fosse uma fração de segundo. Sentia-se como se fosse uma fração de segundo. Olhando para trás, ele viu que não durou muito tempo, mas que fora intenso. Em uma longa caminhada ele se encontrava. Em uma longa jornada que parecia nunca ter fim. O objetivo agora não era mais andar e andar; era esperar enquanto andava, atingir algum ponto importante, nem que desse a volta...
É como se fosse um loop. Uma hora bem, outra hora mal. Não sei quando isso acaba, se é que acaba. Até lá, sobrevivo. Diversas horas eu me sinto como se fosse invisível para os outros. A gente tenta chegar perto, tenta se interessar mas porque nada parece ter um retorno? Seria impaciência depois desse tempo todo? Depois de esperar tanto a paciência da esperança se esgota?
Ele caiu. Uma vala do tamanho de um lago. Algo que não parecia ter fundo. Era escuro, um toque de ocre nas paredes refletia seu focinho torto. Era tóxico, era mal. O lobo não deveria estar ali mas agora não tinha volta. Uma hora ia atingir o chão. E quando atingiu o chão, acordava. Sonolento, caminhou.
É quando a gente percebe que cresce. Quando você começa a fumar, quando começa a beber, quando contas de água e de luz são seus presentes no dia do seu aniversário. Não, não estou reclamando disso. É bom ter responsabilidade. Mas quando a gente é acostumado a viver em um mundo aonde somos lembrados e aonde temos gente que queira passar o resto da vida conosco. As vezes me sinto invisível, de verdade. Não é brincadeira; eu não sei explicar direito. Parece que por mais que a gente tente fazer nossa voz ser audível, ninguém parece perceber. Ninguém parece se importar com o que a gente pensa, com que a gente sente, com o que a gente ama. E esse "ninguém" é "aquela" pessoa. Porque quando a gente se importa com ela, ela se transforma em todos. tudo se remete, tudo lembra, tudo se admira e tudo se torna melancólico quando a realidade vem a tona.
O lobo caminhou e caminhou. Uma hora, acabou por encontrar uma matilha. Ele sorriu, sabia que talvez ali se entrosava com alguém. Mas caminhou por entre eles como um qualquer. Eles andavam ocupados demais uivando para a lua, comemorando o sol que tinha se apagado e que a lua era sua diva, a musa delas e deles. O que havia de errado com o sol? Porque não uivavam para ele? Ele sentiu-se diferente, invisível, pouco importante. Não havia nada para fazer ali... Além de caminhar, continuar.
É como se eu estivesse sendo diferente deles. De todo mundo. Parece que nada que eu goste ninguém parece gostar também. Sentir-se sozinho é assim? Sentir-se solitário no meio de tanta gente? Enquanto andam preocupados com a promoção, com a hora, com o ônibus, porque eu me preocupo com a lua, com a chuva esperando que ela não esteja tão gelada, com um sorriso? Eu deveria me preocupar com essas coisas também... Com conta, com pagamento, com horário. Não quero ser assim.
E assim continuou, até um dia talvez não aguentar. Ele já estava perdendo as esperanças. Sentia-se traído pelo antigo sol. Aquele que o aquecia naquele inverno; a pelagem do lobo, sua proteção, não era feita para o frio, para a solidão. Mas também, sentia-se um lobo diferente, não como aqueles. A neve que afundava por entre os dedos já era comum... O frio já era concebível... E a nuvem acima de sua cabeça tampando seu sol era sua mais nova paisagem.
Era caminhar e esperar. Queria aquele sonho... Aquele quente e confortável.
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