Passara-se muito tempo desde que o sol tinha se escondido por detrás das nuvens. Talvez, aquelas terras em que o lobo vagava não tivesse o sol algum, talvez fosse um lugar esquecido por ele. As noites duravam muito mais do que o usual e o frio que a lua trazia com suas nuvens densas era intenso e tenebroso, como de costume. Os ventos pareciam finos fios de navalha que passavam pelos pelos do lupino solitário. Ouriçava-se a cada sopro, a cada piscada de olhos cansados.
Talvez eles não estivessem tão errados, pensava consigo mesmo. Remetia-se as criaturas anteriores de sua jornada, que uivavam a lua. Seriam estes uivos alegres? Quer dizer, gostavam daquele frio? Talvez sim, pois quando em matilha, sabia que se juntavam ainda mais para se aquecer. Talvez, pensou, talvez fossem uivos de pedidos, afim de querem que aquele frio cessasse e assim pudessem desfrutar de algo um pouco menos rigoroso do que aquela neve que encobria todo o solo e árvores desta terra imaculada.
Sentou-se, mais uma vez. Estava cansado, estava sem vontade, sem ânimo. Os dias eram monótonos, eram cansados, repetitivos. Sentia-se como se fosse feito para isso; andar, observar, retrair-se, se retirar, ir embora. Talvez um dia fosse reencontrá-los. Se esperava por isso? Não exatamente. Esperava por algo mais importante para ele: seu sol. Sua estrela que escondia-se em algum lugar nos céus inalcançáveis do lobo. Estava escuro, gélido e somente um leve resquício do brilho da lua pairava por cima das nuvens densas.
E um uivo retraído se fez. Nunca uivara e aquela fora a primeira vez.
Mas uma presença se fez do lado do lobo. Retraiu-se mais uma vez; medo. Quieto, a forma parecida consigo, se pôs a escutá-lo. E então, uivou mais uma vez, ainda com o mesmo receio. Outro uivo se fez presente, daquela sombra no breu, unindo os sons. Ele gostou.
Talvez, não fosse um único solitário no mundo tão gélido e distorcido.
Post em homenagem à Vick.
Obrigado, pequena.
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