quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Uma matilha de solitários

Passara-se muito tempo desde que o sol tinha se escondido por detrás das nuvens. Talvez, aquelas terras em que o lobo vagava não tivesse o sol algum, talvez fosse um lugar esquecido por ele. As noites duravam muito mais do que o usual e o frio que a lua trazia com suas nuvens densas era intenso e tenebroso, como de costume. Os ventos pareciam finos fios de navalha que passavam pelos pelos do lupino solitário. Ouriçava-se a cada sopro, a cada piscada de olhos cansados.

Talvez eles não estivessem tão errados, pensava consigo mesmo. Remetia-se as criaturas anteriores de sua jornada, que uivavam a lua. Seriam estes uivos alegres? Quer dizer, gostavam daquele frio? Talvez sim, pois quando em matilha, sabia que se juntavam ainda mais para se aquecer. Talvez, pensou, talvez fossem uivos de pedidos, afim de querem que aquele frio cessasse e assim pudessem desfrutar de algo um pouco menos rigoroso do que aquela neve que encobria todo o solo e árvores desta terra imaculada.


Sentou-se, mais uma vez. Estava cansado, estava sem vontade, sem ânimo. Os dias eram monótonos, eram cansados, repetitivos. Sentia-se como se fosse feito para isso; andar, observar, retrair-se, se retirar, ir embora. Talvez um dia fosse reencontrá-los. Se esperava por isso? Não exatamente. Esperava por algo mais importante para ele: seu sol. Sua estrela que escondia-se em algum lugar nos céus inalcançáveis do lobo. Estava escuro, gélido e somente um leve resquício do brilho da lua pairava por cima das nuvens densas.


E um uivo retraído se fez. Nunca uivara e aquela fora a primeira vez.


Mas uma presença se fez do lado do lobo. Retraiu-se mais uma vez; medo. Quieto, a forma parecida consigo, se pôs a escutá-lo. E então, uivou mais uma vez, ainda com o mesmo receio. Outro uivo se fez presente, daquela sombra no breu, unindo os sons. Ele gostou.

Talvez, não fosse um único solitário no mundo tão gélido e distorcido.





Post em homenagem à Vick.
Obrigado, pequena.

domingo, 12 de agosto de 2012

O melhor ainda está por vir

Senti que estava com saudades de postar em você, querido blog. Eu não sei exatamente do que venho falar aqui hoje para você, talvez até mesmo esses bits já estejam cansados de escutar a mesma ladainha de sempre que venho dizer aqui. O mesmo papo de sempre: solidão. Andar por entre tanta gente e sentir-se sozinho. Acho que faço isso mais pelo fato de tentar colocar algumas coisas na minha cabeça em ordem. Talvez se eu escrever aqui, eu leia e lembre-me dos "deveres" que eu tenho de fazer, já que na maior parte das vezes, comento algo do passado e uma atitude a qual estou prestes a tomar com você.

Acho que esse é o primeiro texto no qual eu falo com você, ser invisível aos olhos comuns. Nos outros textos eu tentava demonstrar algo para um pequeno público no qual lê (ou lia meu blog). Não que eu queira tornar isto aqui famoso, realmente não quero, afinal, acho que seria me expôr demais. Mas parabéns pra essa pessoa que está lendo os posts até aqui.

E de novo, não sei exatamente do que vai ser de mim daqui pra frente. É como se eu vivesse dentro de uma roda gigante; eu sei que ela só gira. Parece que minhas semanas estão começando a entrar de novo em um tipo de rotina, a qual me sinto um pouco inconformado por participar de uma mas ao mesmo tempo estou me sentindo... bem com ela. Tenho meus amigos próximos todos os finais de semana e são eles que me fazem esquecer temporariamente destes meus obstáculos da vida.

Estes dias me dei conta do que talvez me mova para fazer minhas coisas, sabe. Meus objetivos de vida, meus sonhos; enfim, minhas coisas. Acho que uma delas, além da solidão, o orgulho de querer fazer as coisas sozinho, é a vingança. Não sei ao certo se posso taxá-la desta maneira, mas... é algo que eu talvez "vá para o inferno" por guardar depois de tanto tempo. Família realmente é algo complicado, principalmente quando é sangue do seu sangue que lhe fez passar por poucas e boas. Sim, eu os culpo mas gostaria que não fosse desta maneira. Entretanto, não posso deixar passar o fato de querer me reerguer, lutar e conseguir meus sonhos sozinho e quando estes vierem me parabenizar, eu os expulsar apenas com o olhar; não há uma coisa que eu queira mais do que o meu bem estar para poder esfregar na cara daqueles que duvidaram de mim, que se colocaram no meu caminho, que dificultaram minha passagem e meu crescimento de que eu consegui e que nunca precisei, nem irei precisar de nenhum nem ninguém.

Eu sei que isso faz mal para mim. Eu sei que isso não é saudável pra ninguém mas infelizmente é o que me move. Talvez você aí, leitor, que esteja correndo os olhos por este texto, talvez pense "Nossa, o cara tem tudo na vida e ainda reclama"... Não é tão simples assim. A dor é igual para todos e todos somos iguais quando a sentimos. Sofremos, choramos e não é pelo número de lágrimas que escorreram pelo rosto que devemos definir quem sofreu mais. Dor não se conta, não se numera e se você tem, talvez tenhamos algo em comum.

Então me deixa acompanhado da minha solidão e da MINHA dor. Talvez assim eu não me sinta mais tão sozinho.

Ainda está por vir... E eu sou o que espera.

O lobo sentou-se na neve. Esperava uma brecha dos céus, apenas um relance, para poder olhar as estrelas e poder achar seu norte. Mas ainda era inverno.